Fringe

As escolhas que determinarão o futuro.

O lobo frontal é responsável por respostas afetivas e pela capacidade humana de fazer ligações emocionais. É também ele a unidade cerebral que nos permite ter o processo de catarse, até mesmo quando este não é fruto da realidade. E é ao atingir este complexo mecanismo do cérebro humano que Fringe consegue de modo pragmático produzir emoção, fazendo um episódio que faz jus ao título "The Human Kind" por tratar-se de uma temática essencialmente humana, sentimentos.

Se somos capazes de nos relacionar com as histórias de Olivia, Peter e Walter, é devido a constante preocupação do roteiro em atingir nosso sistema límbico, mantendo a escala humana ainda que trate de conceitos que vão além da nossa compreensão.

Este não é um episódio que apresenta grandes avanços a trama central, mas que explora como poucas vezes pudemos ver nesta temporada as consequências advindas da dominação dos observadores. E diante desta nova ambientação encontra-se Olivia, seguindo os passos deixados por mais uma fita de Walter, e tendo sua fé testada.

O caminho em breve conduz Olivia a Simone, cujo nome nos remete mais uma vez ao já mencionado "Simon Says" e cujo dom a torna a "oráculo" a qual a pichação vista no episódio anterior referia-se. Fato é que a personagem revelou uma esperança de re-ascensão da humanidade reprimida, manteve o imã guardado durante décadas e graças as instruções do homem de cabelo grisalho conhecido por todos nós, o entregou em segurança ao seu destinatário. 

Vale também citar o diálogo final entre Simone e Olivia, onde a última pontua que "tudo são números e os invasores, como os chamam, são apenas melhores em matemática do que nós". Como personagem, é visível o quanto Olivia amadureceu com o decorrer do anos, em suas palavras, após ver eventos que nenhum ser humano jamais deveria ver, como a costura entre os universos se rompendo diante dos seus olhos. Ainda melhor do que isso, é poder rever nossa Olivia bad-ass utilizando o projétil de Etta para matar um dos sequestradores.

Quanto a Peter, pudemos acompanhar o processo de "evolução controlada" proposto pelo dispositivo em sua cabeça através de mais um experimento no laboratório de Harward. E assim Walter responde a uma das principais dúvidas dos telespectadores a respeito da carência de emoção dos observadores. Esta, por sua vez, ocorre devido a criação de novas circunvoluções no córtex cerebral, as quais criam um padrão tão grosso que o mesmo passa a substituir a área que controla as emoções.

Dessa forma, os pensamentos de alto-nível priorizados pela evolução controlada permitiriam a Peter a vingança de Etta, (inclusive, ganhamos uma breve amostra da vigorosa batalha entre Windmark e Peter neste episódio) entretanto, Olivia ressalta, em uma das cenas mais emocionantes desta temporada, que a maior arma a ser utilizada é aquela citada ao início desta review, o que nos diferencia como seres humanos. E assim, Peter escolhe a humanidade, the human kind. Escolhe não perder Etta, suas lembranças, e em meio ao afago de Olivia ele a entrega o dispositivo-observador em troca da bala, em troca da emoção. A bala que salvou o mundo. A emoção que o salvará.

Easter eggs:

Mais uma vez nesta temporada, os roteiristas trazem elementos de "The Plateau" ao colocar Peter manipulando a linha temporal. Notem que ele utiliza a mesma técnica que Milo no 3x03 quando posiciona o copo sob a lata de lixo para ser derrubado no intuito de modificar a rota de Windmark. E ainda temos a brincadeira com o semáforo repetindo-se.


Outro detalhe interessante da produção é o vídeo do Reward Wire de Walter sendo reproduzido no topo dos edifícios, você pode vê-lo aqui. Além disso, é possível notar uma imagem curiosa ao lado direito do vídeo, a qual possivelmente é uma pista para o próximo episódio. Teorias?


O glyphs code desta semana soletra o verbo "PLEAD", que traduz-se como, pleitear, alegar, litigiar, semelhante ao que fez Olivia na sequência final do episódio no intuito de fazer Peter remover a tecnologia da sua cabeça.


E para finalizar, não poderia deixar de citar a cena dos flashbacks em que Peter recorda alguns momentos memoráveis da série. Aliás, é impossível para quem acompanhou Lost não notar a semelhança dos flashs com os que vemos durante a temporada final da mesma. Seria este um aviso de que Fringe também acabará em luz?


Até semana que vem!

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