O misterioso Sr. Quinn (se é que esse é o nome dele).

Até agora Homeland tem se concentrado na dinâmica entre Carrie Mathison e Nicholas Brody, além das relações subsidiárias entre esses dois e personagens que os orbitam. Por isso, foi interessante a história quebrar um pouco esse paradigma e trazer um novo elemento, uma espécie de coringa no jogo da série. Trata-se da misteriosa figura daquele que se diz ser Peter Quinn, analista da CIA. Mas vejamos como foi o episódio.


A inesperada chegada de Brody:
Já faz doze horas que Brody foi levado pelos homens de Nazir e oito que Roya voltou. Mas quando todos achavam que Brody estava morto, este dá um telefonema inesperado a Carrie e pede que sua família seja colocada em segurança imediatamente.
Homeland sempre trilhou o caminho da ambiguidade moral e nunca sabemos ao certo o que se passa na cabeça de Brody. Afinal de que lado ele está? Brody passa pelo debriefing com a CIA, ao mesmo tempo em que vemos breves flashbacks do ocorrido.

Eis o que Brody conta aos agentes:
- Passou por tortura psicológica e que sua suposta lealdade com Abu Nazir foi colocada à prova.
- Brody diz que disse a Roya que desistia da missão pelo amor à família.
- Nazir ameaça a família de Brody.
- Nazir planeja um ataque. O alvo seria uma cerimônia em que Brody e o Vice-Presidente Walden (Walden, sempre ele) estarão saudando soldados que retornaram do Afeganistão. Trezentos soldados reunidos com suas famílias. Brody acrescenta que sua função é convencer o VP a permitir uma repórter (Roya Hammad) a cobrir o evento.
Mas isso é o que Brody não conta:
- Nazir larga Brody de carro são e salvo. Eles se abraçam e o líder terrorista diz que conta muito com ele. Brody pede para que Nazir reze por ele. Claro, Brody tanto poderia estar mentindo para descobrir seu plano e se proteger, quanto poderia ter sido novamente convertido.
- Nazir lembra que Brody salvou sua vida em Beirute ao dar um simples telefonema (Episódio 2x02), e isso nem tinha sido pedido dele.
- Nazir e Brody rezam em árabe juntos. Nesse ponto o show ainda coloca a religião de Brody como um fator que levanta suspeita, mas esse ponto creio que já deveria ter sido superado.
- Brody diz que queria vingar a morte de Isa, não matar civis inocentes.
Estes, Saul e, principalmente, Quinn duvidam da sinceridade dele. Mas Carrie os convence a levar as informações de Brody a sério. O irônico é que antes, apenas Carrie desconfiava de Brody, e agora é quem mais o defende.

Peter Quinn, mais do que um simples analista:
A mando de Saul, Virgil e Max invadem apartamento de Quinn e fotografam e investigam tudo. Quinn vive como se estivesse pronto para partir a qualquer momento; aparenta ser um analista (um mero técnico de informações), mas se comporta como agente de campo.

Max acha uma foto num livro. É de Julia Diaz, policial de Philadelphia, e Saul vai até lá investigá-la dizendo ser do IRS (Receita Federal). Ele faz perguntas vagas e pessoais sobre o pai do filho dela, mas ela não acredita que Saul é do IRS e se recusa a ajudar.
Pareceu-me na hora que Saul tinha perdido a viagem e que fora pouco hábil ao interrogá-la, mas tudo o que ele queria era que ela ligasse para Quinn para que ele se traísse de alguma forma. E nisso teve sucesso.
Quinn deixa o local da força-tarefa e sai no meio da noite, mas Max e Virgil o seguem. Depois de tentar despistar eventuais perseguidores, Quinn é visto de boné em um ônibus encontrando outro homem, também de cabeça coberta. Max habilmente tira uma foto.

Saul identifica o homem da foto. É Dar Adal, um agente encarregado de liderar missões clandestinas.


A família problemática de Brody:
A pedido de Nicholas, os Brody são levados em segurança para um belíssimo apartamento. Lá, todos nossos personagens que carecem de uma história melhor interagem.

Dana continua revirando os olhos em sua fase chata de adolescente rebelde. Cris é um alienado e se maravilha com o luxo que as TVs em tudo que é parede (cômodo). Titio Mike só está lá para abnegadamente ajudar e Jessica só quer saber do bem-estar da família. Pelo menos até cair em tentação...

O ataque de Abu Nazir:
O clímax da história se dá de maneira muito bem orquestrada, com vários elementos se chocando, vários personagens interagindo uns com os outros.
A força-tarefa está em posição para o evento. Inesperadamente Quinn se ausenta. Saul pergunta aonde ele vai e Estes diz que ele é a ligação da equipe com o FBI.
Saul: “Ligação com o FBI? Um analista?”Estes: “Ele veste dois chapéus hoje.”

Carrie, Virgil e Max seguem a van de onde estariam os suspeitos, mas não sabe dizer quem está dentro.
Saul: “Quem está chefiando essa operação? Você ou Dar Adal? E Quinn quem é ele realmente? Quais são suas ordens?”
Estes: “Ele está aqui para matar terroristas, Saul. Como todos nós.”
Carrie observa que vários elementos saem da van em preparação de algo. Então constata que o famoso terrorista Sr. X pelo qual tanto procuravam, sai da van suspeita.

É hora de agir! Saul ordena que as equipes táticas os prendam. Há um tiroteio, A van de Carrie faz a van dos terroristas capotar. Ela vai verificar se Abu Nazir se encontra ali dentro.

Mas não é ele! (Ora e se fosse, seria um total anticlímax para um vilão como Abu Nazir.)
Enquanto isso, longe dali, Quinn, disfarçado de motorista, dirige a limusine que vai levar Brody ao local. Estes o informa do acontecido e diz para esperar confirmação de que pegaram Abu Nazir. Quinn retira uma pistola com silenciador do porta-luvas.

Brody entra na limusine. Quinn prepara a pistola para atirar. Nesse exato momento, Estes recebe a notícia de Carrie de que Abu Nazir não está na van. Estes dá a ordem para Quinn não prosseguir.
Estes: “Aborte. Ainda precisamos dele. Repito: aborte.”
Brody fica espantado ao ver Quinn como motorista.

Brody: “Que diabos você está fazendo aqui?”Quinn: “Protegendo-o. Nós os pegamos, Brody. Sua informação era boa.”
Brody: “Pegaram todos?”

Quinn: “Todos exceto Nazir. Ele ainda está à solta. Então, acredite ou não, eu sou seu melhor amigo do mundo nesse momento.”
Eu bem que deveria já ter notado isso. Quinn há muito vem atuando em missões perigosas, mas eu não tinha relacionado isso com seu suposto status de analista. Por exemplo, foi ele que comandou o cerco à alfaiataria de Gettysburg (2x06 “A Gettysburg Address”), e foi ele quem comandou a malfadada prisão de Mohammed Al Ghamdi (2x07 “The Clearing”). E sempre em contato direto com Estes.
No fim, pareceu-me que Quinn estava prestes a matar Brody e que recebeu ordens para isso pelos laços de Brody com os terroristas. Parece que parte da CIA não concorda que ele ganhe um indulto colaborando na captura de Nazir e, então, preferem eliminá-lo.

Citações memoráveis:
Uma ameaça velada:
Abu Nazir (a Brody): “Sua mulher e filhos nada têm a temer se você permanecer verdadeiro a si próprio.”

Uma ironia cabeluda:
Virgil: “Se Quinn se reporta a um cara como Dar Adal, ele é tanto um analista quanto eu sou do Hair Club for Men*. Então o que ele realmente está fazendo em nossa força-tarefa?” (*Empresa especializada no tratamento de cabeludos)

Um desabafo de adolescente:
Dana: “Às vezes eu gostaria de que ele nunca tivesse voltado daquela guerra estúpida. Desde que ele voltou, tudo vai à merda e só piora.”

Um momento de puro cinismo:
Quinn (a Brody): “acredite ou não, eu sou seu melhor amigo do mundo nesse momento.”

Trocadilho do título:
Bem ao estilo Homeland, “Two hats” se refere ao encontro de Quinn e Dar Adal (ambos de boné) e à dupla, e inesperada, função de Quinn.

Responda em nome da segurança nacional:
- Será que Brody se tornará um mocinho tradicional de seriados, defendendo os EUA contra inimigos de seu país?
- Carrie faz bem em acreditar em Brody, ou essa confiança total vem do fato de ela ser bipolar?
- A Dana, de adolescente perspicaz com uma profunda conexão com seu pai de repente virou uma adolescente aborrecida. O personagem tem salvação?
- O caso entre Jessica e Mike também pode gerar uma trama interessante?
 
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